ao amigo distante
que precisa fugir
para não dormir
em seu próprio funeral
ao filho perdido
que em sua angústia
sabe que os pais choram
madrugada a dentro
as prostitutas
que doam seu corpo por prazer ou por dor
aos homens solitários nos cafés
aos que perambulam na cidade
por migalhas de carinho
aos passarinhos mortos
aos pintores que se matam de tanto amor
aos poetas
que escrevem para ninguém
à você, dedico esta carta
velho amigo
e aos que fogem em seus vícios
o mundo é um velho cão
o sexo
drogas
álcool
e a escrita
são o nosso consolo
e aos derradeiros
aos que têm fé
rogo-lhes
orem por eles
orem por mim